Greenwashing: o que é e como identificar essa prática
16 de agosto de 2023
O termo greenwashing vem se popularizando cada vez mais no mercado econômico e corporativo. Conhecido como “lavagem verde”, o conceito representa uma série de práticas que promovem uma propaganda enganosa de empresas, organizações e instituições.
Ou seja, o principal objetivo do greenwashing é criar uma imagem falsa de sustentabilidade diante da sociedade e dos consumidores. Felizmente, atualmente já é possível identificar com mais facilidade quais companhias utilizam este tipo de mecanismo como estratégia.
Quer entender o que é greenwashing e como a prática afeta as empresas? Acompanhe a seguir e fique por dentro do assunto!
O que é greenwashing?
Com o aumento das preocupações em relação ao meio ambiente e às questões ligadas ao bem-estar da população, muitas empresas passaram a adotar um apelo ecológico para atrair clientes e investidores.
Nesse caso, as marcas criam uma falsa aparência de ética e sustentabilidade, sem necessariamente aplicá-la no dia a dia.
A prática ficou conhecida como greenwashing, que significa “lavagem verde” ou “maquiagem verde”.
Um bom exemplo é o de uma organização que afirma que seus produtos são sustentáveis. No entanto, oculta informações verídicas no rótulo, gerando impactos diretos na decisão de compra dos consumidores.
Ou seja, o greenwashing adota publicidade fraudulenta para ganhar a simpatia das pessoas. Já que elas dão preferência por empresas que se preocupam com questões ambientais.
A prática ajuda a perpetuar um modelo econômico prejudicial e afeta a credibilidade de novos investidores em um potencial mercado verde.
Quais os riscos de fazer greenwashing?
Praticar o greenwashing pode trazer uma série de transtornos para a sociedade e para o meio ambiente.
Uma empresa que se diz ambientalmente responsável, mas não atua conforme o seu discurso, gera danos e compromete a sua reputação e confiança diante do público ao realizar propaganda enganosa.
Os consumidores, por exemplo, podem sentir insegurança e acabar dando preferência para as marcas concorrentes.
Além do impacto direto nas vendas, o greenwashing também traz consequências judiciais, já que a prática é considerada crime.
As ações de greenwashing podem levar a prejuízos financeiros e de imagem, sobretudo devido ao repúdio de consumidores, investidores e parceiros comerciais.
Por isso mesmo, seja qual for o porte e o setor de atuação, é fundamental que as companhias evitem este tipo de ato ilícito. Assim, mantendo a competitividade e a valorização no mercado.
Por que as empresas ainda praticam o greenwashing?
Algumas empresas ainda adotam práticas de greenwashing. Um dos principais motivos é para atender à crescente demanda de pessoas que buscam instituições preocupadas com o meio ambiente. Do mesmo modo, com a substituição dos meios de produção poluentes.
A intenção é relacionar a imagem da marca com a defesa da natureza, transmitindo uma falsa impressão de preocupação com as questões ambientais.
A prática do greenwashing, muitas vezes, é considerada uma alternativa para atrair o público, mesmo que custe um alto preço para o negócio.
Em casos graves, a empresa pode mentir ou omitir dados sensíveis de interesse público, camuflando ações perigosas que tenha cometido.
Uma maneira de esconder seus atos ilícitos e manter a sua reputação é, justamente, adotando ações de greenwashing.
10 sinais para identificar empresas que praticam greenwashing
Consumidores e investidores têm buscado cada vez mais evidências da prática de greenwashing em empresas de diferentes segmentos do mercado.
É importante estar atento a alguns sinais que podem indicar que as organizações estão atuando sob uma falsa sustentabilidade. Veja a seguir:
- Falta de provas ou dados científicos que comprovam a veracidade em rótulos de produtos que se dizem ambientalmente corretos;
- Uso de selos e certificações sem reconhecimento;
- Uso excessivo de expressões, como “produto sustentável”, “eco-friendly” e “amigo do meio ambiente”;
- Ocultação de informações sobre os ingredientes em rótulos de produtos considerados naturais;
- Fraudes em análises de emissão de poluentes;
- Propagandas enganosas em defesa de indústrias e organizações que impactam o meio ambiente;
- Forte apelo ambiental para distrair os consumidores de problemas maiores;
- Afirmação de que um produto possui descarte seletivo, quando a empresa não tem controle sobre a embalagem;
- Falta de clareza em ações ecológicas, gerando incerteza sobre seu verdadeiro propósito.
- Custo ambiental camuflado.
Greenwashing: como se precaver?
Atualmente, existem órgãos que atuam contra o greenwashing, como o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, Procon, Senacon e Ministério Público. Os agentes fiscalizam, controlam e impõem penalidades em empresas que adotam a estratégia.
Mesmo assim, é importante ficar atento para não cair em ciladas. Existem diversas ações que podem ser adotadas para evitar o greenwashing. Veja:
- Ler os rótulos dos produtos prestando atenção às matérias-primas, ingredientes e certificados;
- Pesquisar sobre a reputação da companhia para entender seus processos;
- Evitar comprar produtos que apresentem termos vagos nas embalagens, como “natural”, “ecológico” e “vegano”;
- Entrar em contato com a central de atendimento das empresas para solicitar provas verídicas sobre os impactos ambientais gerados pelo processo produtivo;
- Conhecer os selos e certificações ambientais oficiais para identificar embalagens falsas e enganosas.
Exemplos de greenwashing
Existem diversos exemplos de greenwashing que podem auxiliar os consumidores a entenderem se determinadas companhias estão praticando uma falsa sustentabilidade.
O problema ocorre tanto no setor público quanto no privado, utilizando de falso marketing de preservação ambiental para benefício próprio ou simplesmente para iludir a sociedade.
São exemplos de greenwashing:
- Fiat: em 2017, a marca de carros protagonizou uma campanha de um suposto “pneu verde”, cujas vantagens eram o baixo consumo de combustível e a durabilidade. No entanto, após uma investigação, comprovou-se que a montadora estava mentindo sobre os efeitos da produção e descarte dos pneus;
- Carrefour: em 2016, a rede de supermercados foi penalizada por comercializar embalagens com informações falsas. Nesse caso, quem interveio foi a Proteste, o maior órgão de defesa dos direitos do consumidor da América Latina;
- Nestlé: em 2008, em uma campanha de divulgação de água engarrafada, a marca alegou que o seu produto era o mais ambientalmente responsável do mundo. Com isso, a empresa recebeu diversas denúncias de entidades conservacionistas e órgãos ligados à proteção do meio ambiente.
Atualmente, as práticas de greenwashing constituem um crime no país, de modo a levar muitos prejuízos às empresas.
Cabe às organizações coibir este tipo de iniciativa e implementar políticas de compliance e governança para manter a integridade diante de clientes, parceiros, fornecedores e investidores.