Currículo verdadeiro – Revista Empregos & Carreiras

29 de abril de 2019

Bate Pronto

Com Mario Junior, especialista em Investigações Corporativas e Prevenção de Fraudes Organizacionais

O POVO – Mentira é sempre prejudicial? Quais são as mentiras “aceitáveis” no trabalho?

Mario Junior – É difícil dizer se existe uma mentira boa ou se existe uma mentira que tem como objetivo um bem maior, mas com certeza sabemos distinguir aquelas mais danosas, que prejudicam pessoas ou empresas e trazem benefícios e vantagens financeiras aos mentirosos. Pensando neste sentido, essas são as mentiras que devemos evitar e lutar para que sejam descobertas, quer seja no âmbito pessoal ou profissional. Não existe uma mentira aceitável no trabalho, pois ela sempre envolve enganar alguém, mas existem situações em que a mentira pode ser explicada. Por exemplo, um colega de trabalho que não gosta de você como pessoa e por isso não quer almoçar com você e em um determinado dia mente quando você o convida, dizendo que não está com fome ou que tem que finalizar uma tarefa urgente. Há profissionais que tentam explicar omissões no trabalho, dizendo que não informaram seu superior sobre um determinado problema para não criar uma preocupação antes do momento adequado. O que devemos fazer é sempre incentivar a verdade nas questões profissionais.

OP – Quando, normalmente, é possível detectar mentiras dos colaboradores?

Mario – Sempre é possível detectar mentiras nas relações pessoais e profissionais. A mentira sempre existiu e enquanto existir relações entre as pessoas interesses serão envolvidos, e a mentira poderá surgir. No trabalho, as mais comuns e talvez menos danosas são os atestados médicos para justificar um atraso ou até mesmo informar que uma atividade foi concluída quando nem mesmo foi iniciada. Contudo, também existem mentiras graves, que envolvem enganar e prejudicar a empresa e funcionários e que são materializadas por meio de atos de fraude e assédio. Apesar de ser possível detectar mentiras em uma conversa ou entrevista, devemos ter muita cautela, pois não há nenhum sinal verbal ou não verbal ou até mesmo uma ferramenta que indique com 100% de precisão que uma pessoa está mentindo ou não. Porém, há sinais verbais e não verbais que geralmente surgem com maior frequência em discursos dissimulados, como também, ferramentas que possuem validação científica. A boa notícia é que tanto utilizando a leitura da análise dos canais verbais e não verbais de comunicação, como também utilizando-se de ferramentas para a detecção de mentiras, é possível aprender a detectar mentiras. É óbvio que algumas pessoas terão uma capacidade maior para isso e outras terão uma capacidade menor, porém é possível por meio de treinamentos e análises recorrentes de depoimentos e vídeos aumentar sua capacidade.

OP – Quais são os sinais de que o candidato está mentindo? Como identificar essas mentiras?

Mario – Existem alguns sinais, como os gestos de manipulação no rosto (tocar o nariz, esconder a boca ou os olhos com uma das mãos e tocar o rosto) que geralmente aparecem em pessoas que possuem uma maior tendência para a dissimulação. Contudo, existem vários outros sinais verbais e não verbais que podem indicar dissimulação. Porém, se você tem que conduzir uma entrevista e não tem nenhum tipo de treinamento em Detecção de Mentiras e Obtenção de Informações, mas quer utilizar alguma técnica para diminuir a subjetividade dos sinais, sugiro que você utilize o procedimento do balizamento com o entrevistado. O balizamento consiste em conduzir uma conversa informal de aproximadamente cinco minutos sobre assuntos não ameaçadores, polêmicos e muitos menos assuntos do trabalho, para o entrevistador observar o padrão de comportamento verbal e não verbal do entrevistado. De preferência, no balizamento o entrevistador deve fazer perguntas abertas para o entrevistado oferecer bastante conteúdo como resposta e aproveitar um pedaço de cada resposta para fazer outra pergunta aberta.

OP – Quais são as recomendações para prevenir fraudes organizacionais?

Mario – Com o advento da Lei anticorrupção, como também, pelo próprio clamor da sociedade e dos profissionais por um País e empresas mais éticas e honestas, as empresas vêm constantemente desenvolvendo mecanismos e programas de integridade para fazer a gestão da ética em suas relações com terceiros, clientes, órgãos fiscalizadores e funcionários. Nestes programas é muito comum você identificar a criação de um código de ética e conduta, a implantação de um canal de denúncia, a revisão dos processos da empresa com foco na ética e integridade, dentre outras importantes iniciativas. Gostamos de reforçar que a empresa deve se preocupar com o fator humano, ou seja, desenvolver a integridade dos candidatos e funcionários para que no momento em que eles se depararem com dilemas éticos profissionais tenham resiliência suficiente para tomarem a melhor decisão para a empresa e para a sua reputação.

Amanda Araújo – Repórter do Jornal o Povo

Fonte: Revista Empregos & Carreiras

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