Já ouviu falar em demissão silenciosa? Entenda o que é o conceito
4 de abril de 2023
A demissão silenciosa ou quiet quitting é uma tendência que vem crescendo com o passar do tempo, o que gera um grande risco para a rotina e o desenvolvimento da empresa.
Esse não é um tipo de demissão previsto na legislação. Mas acaba resultando em colaboradores improdutivos, que não se desenvolvem na empresa e pode acabar gerando muitos desligamentos.
É tarefa do Recursos Humanos (RH) conhecer as técnicas específicas para evitar esse tipo de demissão e garantir uma equipe de alta performance.
Portanto, neste conteúdo explicamos o conceito da demissão silenciosa, suas consequências, origem, como evitá-la e outros tópicos sobre o tema. Acompanhe!
O que é uma demissão silenciosa?
Originalmente chamado de quiet quitting (demissão silenciosa, em português), ocorre quando o colaborador evita ao máximo sair do seu escopo. Como fazer alguma tarefa extra ou se dedicar emocionalmente ao trabalho.
Basicamente, o profissional faz somente aquilo para o qual foi pago e nada além disso. Sendo contrário aos colaboradores que “vestem a camisa” da empresa e desejam maximizar seus resultados.
Quando alguém adere ao quiet quitting, coloca sua vida pessoal e seu lazer em primeiro plano. Deixando sua carreira profissional ou crescimento na empresa como um objetivo secundário.
Essa mentalidade é uma tendência forte entre adultos millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e da geração Z (nascidos entre 1997 e 2012).
Quando o quiet quitting surgiu?
Quiet quitting foi popularizado em maio de 2022 por Zaid Khan, engenheiro de New York. Ele publicou um vídeo no seu TikTok rejeitando sua rotina no trabalho, afirmando que desistiu da ideia de “ir além” na sua empresa. Assim, ele fazia apenas o essencial no seu trabalho e priorizava a sua saúde mental.
Esse vídeo acumulou milhões de visualizações em um curto espaço de tempo. Assim, surgiram novas discussões sobre o assunto nas redes sociais e pessoas de todos os países passaram a ser contra a mentalidade de se dedicar ao trabalho.
Causas e consequências da demissão silenciosa para as empresas
Essa tendência causa muitos danos às empresas, especialmente no que diz respeito aos seus resultados. Os prejuízos variam conforme o nível da demissão silenciosa adotada pelos colaboradores.
Também é possível que a adesão seja feita aos poucos, ou seja, o colaborador adere
- O colaborador não se dedicar ao trabalho e deixar de cumprir suas obrigações contratuais;
- A empresa não consegue superar eventuais momentos de crises econômicas ou financeiras. Esses momentos exigem mais dedicação ao trabalho, mas a organização não tem apoio do capital humano para superar essas dificuldades;
- Há menos diálogo entre o colaborador e a empresa. Muitas vezes não é possível estabelecer um consenso sobre as decisões do trabalho;
- A taxa de turnover (rotatividade de funcionários) aumenta consideravelmente, aumentando custos com encargos trabalhistas, contratações, treinamentos, onboardings etc.;
- Fica mais difícil reter eventuais talentos, caso eles comecem a aderir ao quiet quitting.
Existe alguma vantagem no quiet quitting?
É importante que os colaboradores prezem pela sua saúde mental, sendo relevante diminuir o trabalho caso esteja afetando sua integridade física e mental.
O excesso de trabalho também é prejudicial para as empresas, pois deixam os funcionários exaustos e improdutivos, aumentando a rotatividade.
Porém, uma pessoa que adere ao quiet quitting não efetua nenhuma atividade extra e nem ao menos responde e-mails, o que é bastante prejudicial à carreira do colaborador.
Esse fenômeno impede que a empresa retenha o profissional por muito tempo, dificulta a promoção dos colaboradores, já que nenhum deles se dedica emocionalmente à sua função.
Entenda o que diz a lei sobre demissão silenciosa
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) prevê hipóteses de demissão por justa causa, que são aquelas onde a empresa tem o direito de desligar o colaborador por alguma falta dele.
Uma dessas hipóteses é a desídia, quando o funcionário negligencia as suas atividades profissionais. Alguns exemplos de desídia inclui quando o colaborador atua com desleixo ou desinteresse nas suas tarefas diárias.
Outros exemplos consistem em faltas. Caso elas sejam intencionais, o contrato de trabalho pode ser encerrado imediatamente. Também há demissão por justa causa no excesso de faltas não intencionais.
Também se encaixa no quiet quitting os atos de indisciplina ou insubordinação, que ocorre quando o funcionário não segue ordens dos seus superiores em relação às suas atividades.
5 dicas de como identificar a demissão silenciosa nas empresas
Na prática, os gestores, líderes das equipes e inclusive os de RH devem observar o comportamento de seus colaboradores. Os profissionais que aderem à demissão silenciosa tomam atitudes específicas, sendo que há uma lista de medidas que você pode identificar no funcionário.
Basicamente, essas atitudes dos funcionários estão ligadas ao fato de que ele não se engaja mais na empresa. Veja os principais exemplos:
- Recusar-se a realizar qualquer tarefa que não esteja na descrição exata do cargo;
- Não visualizar ou responder e-mails, SMS ou qualquer mensagem fora do seu horário de trabalho;
- Não investir emocionalmente nas suas atividades diárias. Por exemplo, ele não se preocupa com o resultado que produz;
- A pessoa não busca alcançar uma promoção ou desenvolver sua carreira dentro da empresa. Ela pode não pretender fazer ou recusar cursos, treinamentos e outras capacitações que auxiliem na sua profissão;
- Há muito mais tempo dedicado às atividades de lazer que seu desenvolvimento profissional. Pois o colaborador pode estar buscando recuperar o tempo perdido em razão do seu excesso de trabalho.
Como a empresa pode evitar a demissão silenciosa?
Empresas despreparadas podem fazer exigências mais rígidas ou impor novas regras. Isso vai de contramão ao quiet quitting e pode acarretar na maior adesão a essa tendência.
Para evitar esse problema, é importante que o RH conheça técnicas específicas para evitar a demissão silenciosa. Entre as principais dicas, estão:
- Desenvolva uma cultura flexível: consiste em dar mais liberdade para que o colaborador equilibre sua vida pessoal e profissional, assim ele não se sente sobrecarregado na sua rotina de trabalho;
- Entregue benefícios: além dos tradicionais vale-transporte e vale-alimentação, dê benefícios que impactam no bem-estar do colaborador, como auxílio academia, auxílio cultura, entre outros;
- Promova feedback: solicite constantemente a opinião do seu pessoal, assim você identifica seus pontos de insatisfação e quais são propensos a aderir ao quiet quitting;
- Atente-se aos perfis comportamentais: durante o processo de recrutamento e seleção, identifique comportamentos dos candidatos e quais estão dispostos a dedicar mais na empresa;
- Reconheça esforços: incentive profissionais mais esforçados com promoções, aumentos de salários, brindes e vantagens. Isso promove senso de pertencimento na empresa e gera incentivos para que eles dediquem ao trabalho.
Pode não ser fácil identificar a demissão silenciosa, especialmente para negócios com vários colaboradores e times. Nesse caso, a empresa pode investir em uma investigação corporativa, um serviço que faz uma análise completa dos profissionais da organização, incluindo problemas na cultura, financeiros, legais, entre outros aspectos.