Ética, moral e valores: saiba a importância de cultivar na empresa em tempos de pandemia

26 de outubro de 2020

Existem alguns temas que são fundamentais para o alinhamento cultural nas instituições. Tais reflexões são importantes para influenciar positivamente na atuação de líderes e colaboradores, não só pela busca de melhores resultados, mas também pelo aprimoramento do engajamento entre os setores.

Fazer tal discussão, começando pela análise dos conceitos que envolvem a ética, a moral e os valores, será um caminho muito produtivo. Os temas podem parecer complexos (e, de certa forma, envolvem diversas ramificações), porém, são pontos cruciais quando se pensa na análise de conduta empresarial, e estão diretamente relacionados à gestão de pessoas.

Quando o assunto é o universo corporativo, existem alguns fatores e estratégias que podem ser observados pelos líderes para a aplicabilidade de tais conceitos. Para que você entenda um pouco mais sobre o assunto e sua importância, preparei este artigo com uma análise completa sobre o tema.

Como a ética, a moral e os valores podem influenciar no sucesso de uma instituição? Quais são as particularidades e pontos de atenção de cada conceito? Continue a leitura e entenda um pouco mais sobre o tema:

Valores, moral e ética: o que são e como movem a nossa vida?

Antes de abordar diretamente valores, moral e ética, tema pouco conhecido profundamente pelas pessoas e até pelas empresas, gostaria de compartilhar um ensinamento que aprendi com a Terezinha Rios, Mestre em Filosofia da Educação e consultora sobre Ética e Valores.

Vivemos numa sociedade onde os valores morais são levados em consideração, principalmente em relação às escolhas religiosas, políticas e de educação. Porém, pouco compreendemos sobre o significado de valores, moral e ética, essa última principalmente.

Terezinha Rios nos ajuda com esta compreensão, dizendo que é extremamente importante saber a distinção entre Moral e Ética. Ou seja: não diferenciar, pois são complementares. Esse processo permite que as pessoas entendam o conceito que está por trás dessas palavras, especialmente porque são temas com articulações diretas.

A exemplo, ela explica que as sociedades possuem diferentes costumes. Partindo de um caso bem simples, há aquelas sociedades em que existe o costume de comer carnes, e em outras, não. Porém, ambas são movidas por valores em que se determina o que é “bom”, o que é “certo” e o que está “errado”. O costume gera valores e os valores geram regras, normas e leis.

Portanto, é nesse ponto que nasce a moral: um conjunto de prescrições que orientam a vida das pessoas em sociedade. A moral indica o que é bom e o que é ruim para o seus membros e mostra como eles devem ser comportar. Vamos entender melhor esses conceitos?

Valores, moral e ética: definições

Na Etimologia: a Moral é More (latim) e significa costume. Já a Ética é Ethos (Grego) e também significa costume. Mas então, o que é costume? É o jeito que o homem inventou de viver na natureza e lidar com suas relações interpessoais. Por exemplo: “os cachorros não costumam latir, eles latem” diferente de: “Nós brasileiros estamos acostumados a comer arroz e feijão todos os dias” — isso é costume.

Cada sociedade tem os seus costumes e esses são baseados justamente em valores!

E somos orientados dentro de cada sociedade a julgar o que é certo e errado! Ou dizemos: “É assim que deve ser feito…”, e então se constroem regras, normas e leis dentro de uma sociedade que são consideradas corretas, caso contrário, se são violadas, as pessoas são punidas.

Aqui está entramos no campo da moral, um conjunto de prescrições que orientam as pessoas e a sociedade.

E como Terezinha fala: “E por que tenho que ser honesto e pagar impostos”? Será que isso é para o meu bem? Aqui entramos no campo da Ética.

Diferente da moral que tem um caráter normativo, baseado em regras, a ética tem um caráter reflexivo, que envolve o bem comum da sociedade.

Como identificamos valores? E o que são valores?

Valores direcionam o comportamento humano e governam todas as nossas decisões. Os costumes são baseados em valores. São estados emocionais que damos importância e que buscamos vivenciar mesmo que de forma inconsciente. E os nossos valores foram construídos ao longo de nossas vidas, principalmente por meio dos nossos pais ou das pessoas que nos educaram enquanto pequenos.

Além da educação, sofremos influência da nossa cultura, da nossa escola, da cidade onde moramos, da experiência de vida, através dos nossos familiares, das histórias vividas pelos nossos pais, avós, bisavós e por aí vai. Valores não mudam, eles seguem ganhando reforços ao longo de nossas vidas.

São palavras que descrevem o que nos motiva a agir, seja de forma considerada “ruim” ou “boa”.

E dentro do tema valores ainda temos outras ramificações:

  1. exemplos de valores: Liberdade, segurança, responsabilidade, contribuição, comprometimento, confiança, integridade etc. Essa lista é infinita e difere de pessoa para pessoa;
  2. exemplos de meios para atender esses valores: casa, empresa, carreira, carro, relacionamento, dinheiro, família, etc. Meios são formas que cada pessoa tem e escolhe para atender às suas necessidades (que estão baseadas em valores);
  3. exemplos de critérios de valores: aqui são regras que ao longo de nossas vidas determinam o “Como” vamos atender os nossos valores, através desses meios que escolhi;
  4. e, por fim, a Hierarquia de Valores: ao longo de nossas vidas valorizamos coisas diferentes e os valores seguem essa priorização. Então, aquela lista de valores que cada pessoa tem segue uma hierarquia, uma prioridade que sofre influência da idade, experiências, preferências que se movem ao longo da vida.

Ou seja, existe uma complexidade de conceitos muito importantes e que deveriam ser levados a todos, que envolvem todas as escolhas, decisões, costumes, experiência de vida, histórias, e que seria muito mais fácil lidar com o que é diferente e não melhor ou pior.

Cada pessoa tem isso como sua “bússola interna”, que a acompanha ao longo de toda a sua vida e que, quando conhecida, faz você ser muito mais consciente, consistente e previsível nas suas ações e escolhas.

Como você pode perceber, os três conceitos estão relacionados à particularidade dos indivíduos e também às suas vivências coletivas. É quase impossível analisar tais conceitos sem levar em consideração os dois pontos: individuais e coletivos. Portanto, a análise é oportuna também para o universo corporativo e pode ajudar na implementação de novos processos.

Lembre-se de que os valores também norteiam o que uma empresa valoriza naquilo que considera importante para a corporação. Não basta ter apenas um “banner” bonito de se ver, e sim aquilo que é importante e muito valorizado de se viver, se comportar dentro daquela empresa.

Ética, moral e valores: como se aplicam nas empresas?

Será que as pessoas compreendem esses conceitos de valores, moral e ética nas empresas, onde impera um conjunto gigante de regras, normas e leis? O quão as empresas se dedicam a essa transparência em relação às normas e leis para benefício comum de todos?

O tema deveria ser a base para qualquer funcionário, antes mesmo da contratação ou em fase de integração na empresa. A propagação de uma cultura que defende os três conceitos pode trazer resultados mais efetivos e uma integração entre os colabores. Para tanto, é possível citar alguns processos que facilitam esse alinhamento.

Um deles é a busca por um processo de comunicação mais transparente, em que os funcionários possuem consciência dos processos e regras e se sentem à vontade para esclarecer dúvidas ou indicar falhas. A ideia é construir diversos canais de comunicação e deixá-los acessíveis, criando confiabilidade entre líderes e liderados. Seja por meio de reuniões individuais ou coletivas, a comunicação das normas e valores deve ser mais cada vez mais clara.

Outro ponto importante é sempre se lembrar da necessidade do exemplo. Quando há uma cultura forte, fincada na ética e na moral, as regras devem ser aplicadas de forma homogênea, independentemente da hierarquia. Ou seja, os líderes devem assumir uma postura que vai ao encontro das normas da empresa, sem que ocorram exceções.

Você já parou para refletir sobre o tema? Como a cultura da sua empresa foi elaborada e quais as estratégias são utilizadas para que sejam comunicadas aos funcionários? Para permitir que esse raciocínio seja mais completo, vamos analisar qual a relação entre as normas e a ética no universo corporativo.

Normas + Ética: como funciona essa junção no setor corporativo

Quando fazemos a distinção entre os conceitos, fica mais fácil entender suas implicações, certo? Dentro dessa discussão, há outra ramificação importante que é a relação entre as normas e a ética das instituições. Bom, enquanto a moral ordena essas normas, a ética tem a responsabilidade de pensar sobre essas normas, ou seja, medir a consistência e a abrangência desses princípios com profundidade dentro das empresas.

Ainda utilizando os ensinamentos da professora Terezinha, cabe complementar o raciocínio da seguinte forma. A ética é baseada em 3 princípios, sendo eles:

  • respeito: reconhecimento da existência do outro e constitui a sociedade como um todo;
  • justiça: igualdade na diferença. Somos indivíduos singulares, mas iguais em direitos;
  • solidariedade: respeito levado às últimas consequências; penso no outro genuinamente.

Utilizando esses três princípios, os gestores conseguem compartilhar com suas equipes e liderados a importância da responsabilidade de cada membro diante das ações (internas ou externas). As normas ajudam a identificar o que deve ser feito, independentemente do seguimento de cada setor.

Por sinal, o conceito é muito mais complexo e abrangente. Quando pensamos, por exemplo, na entrega de um serviço ao cliente, o colaborador precisa entender que é importante gerar um valor na entrega. Quando você vende um produto, está vendendo também a imagem que a marca carrega e os benefícios que ela pode oferecer ao consumidor final.

O mesmo vale na realização de um atendimento, em que a ética sempre deve ser levada em conta. O colaborador deve ter uma posição de profissionalismo, tentar resolver os problemas com eficiência e garantir a melhor experiência ao consumidor.

Essa responsabilidade, para além das questões individuais, pode (e deve) ser compartilhada com todos os funcionários. Como? Por meio das normas, em que a instituição deixa claro o que é esperado do colaborador. É nesse momento que entra a ética, onde o indivíduo (com todo o seu histórico moral, ensinamentos e vivência) decide como agir, consciente das suas responsabilidades.

Como acompanhar essa questão dentro da empresa?

As instituições que se preocupam com o desenvolvimento desses valores e com o fortalecimento da cultura interna podem contar com algumas estratégias de desenvolvimento (e acompanhamento). Uma delas é a PIR (Potencial de Integridade Resiliente), ferramenta desenvolvida pela S2 Consultoria.

Você deve imaginar que o acompanhamento dos colaboradores em relação às suas capacidades técnicas é fundamental. Porém, há outros pontos de análise de competência que fazem toda a diferença e, entre eles, está o acompanhamento da capacidade de lidar com conflitos éticos.

Quanto mais resiliente e mais íntegro, melhor o colaborador tende a lidar com problemas que envolvem os valores das instituições. Para tal análise, a avaliação PIR coleta respostas em três formatos, sendo eles: relatos em vídeo, múltipla escolha e dissertação. Com eles, é possível avaliar diversos fatores, inclusive os não verbais.

Como você pode perceber, a relação entre ética, moral e valores nas instituições é complexa e pode influenciar bastante nas empresas. Levar esse tema à frente e encará-lo com seriedade pode fazer com que os resultados sejam aprimorados e que diversas situações envolvendo a comunicação com os funcionários e seus desenvolvimentos pessoais sejam impactadas positivamente.

Espero que tenha gostado do nosso conteúdo e entendido um pouco mais sobre como a ética, a moral e os valores estão relacionados ao mundo corporativo. Para concluirmos, não deixe de compartilhar o conteúdo nas suas redes sociais e permita que mais pessoas se contextualizem sobre o tema!