Jorge Fornari: a influência do RH no comportamento ético das organizações
1 de fevereiro de 2017
Falar sobre sobre a influência do departamento de Recursos Humanos no comportamento ético dentro das organizações é um tema fundamental nos tempos atuais. E para aprofundar o conhecimento sobre o assunto, convidamos Jorge Fornari, autor dos livros O Executivo na Essência e A Terceira Competência, para conversar.
Além de analisar o comportamento humano nas organizações, Fornari também compartilhou suas próprias experiências, tornando o bate-papo ainda mais enriquecedor. Separamos a seguir os principais pontos abordados por ele durante o webinar, confira:
O RH como intermediador
O RH normalmente é um agente organizacional e não o líder organizacional; consequentemente não tem poder de decisão sobre como as questões de compliance serão adotadas. Em geral é ele quem está intermediando quando os problemas de compliance ocorrem, tornando-se um agente nesse caso.
Alguns RHs trabalham para o líder, outros com o líder. Aqueles que trabalham com o líder são os chamados de RH Estratégico, porque eles têm mais chance de influenciar na maneira como as decisões são tomadas e como se pode agir na prevenção e na conduta da empresa diante de ações não-compliance.
O Fator Humano
Ninguém nasce com ética ou moral, essas são construções culturais e simbólicas às quais o individuo é submetido ao longo da sua criação. O indivíduo pode estar mais sensível ou menos sensível em relação a questões éticas e morais dependendo da criação que tiver. Além disso, os seres humanos são muito maleáveis a essas questões e podem mudar de acordo com os próprios interesses.
Uma parte da personalidade do indivíduo são propensões natas: existem algumas tendências naturais que estão ligadas à sobrevivência e procriação e que interferem na maneira como as pessoas se relacionam com o mundo. Entretanto o que nos move são as nossas crenças, que são adquiridas desde cedo e se transformam em verdades pessoais que os acompanham por toda a vida. É neste caso que surge o tipo de padrão ético e moral. Assim, se crescemos em um ambiente onde roubo, falcatruas e falsidades são naturais e sem punição, enxergamos isso como natural, acreditamos que não tem problema ser ladrão ou falso.
Outra questão que move o ser humano é o fato de estar submetido à necessidades e desejos, o que gera uma série de desequilíbrios em função das pressões ambientais/sociais ou da própria mente, produzindo ações para aumentar o prazer em relação a algo ou para tentar reduzir a dor.
Exemplo de ação relacionada ao prazer:
“Se eu contar uma mentira na entrevista eu tenho mais chances de ser contratado.”
Exemplo de ação para evitar a dor:
“Se eu falar que meu colega está com uma conduta errada, eu vou ter que me explicar também, então prefiro evitar a dor e ficar quieto”
A Cultura empresarial
A força cultural de uma empresa pode modelar o comportamento humano. A empresa precisa ter a conduta de mostrar através de hábitos e costumes que valores e moral são essenciais.
Quanto mais claras forem as ações da empresa, mais fácil será desenvolver o comportamento ético dos profissionais que nela trabalham. É importante que o exemplo pessoal do líder esteja alinhado com os valores da organização, isso pode beneficiar o comportamento ético e moral ambiente de trabalho.
Exemplo de conduta empresarial:
A Brasil Telecom antes de lançar o seu código de ética entrevistou os funcionários com o objetivo de entender o que eles acreditavam que tinha que ser um código de ética. Ao invés de impor uma cultura foi em busca do pensamento das pessoas e construiu junto.
Para estimular os funcionários a enxergarem a ética como ponto principal é necessário que haja um senso de justiça muito grande dentro das empresas, pois caso a empresa deixe de punir alguém que deveria ser punido, a empresa desmonta o seu valor cultural, todos vão achar que fazer algo errado não tem problema.
O RH tem papel fundamental em todo esse processo e pode influenciar diretamente o comportamento ético de seus colaboradores lançando mão de ferramentas capazes de medir e desenvolver a resiliência de candidatos e colaboradores para que estejam alinhados com a cultura ética e os valores da organização.
Assista agora mesmo a conversa completa com Jorge Fornari. Se você gostou desse texto e se interessou pelo tema não pode perder o próximo webinar da série com a presença de Palulo Bavini falando sobre a importância dos testes de integridade na gestão segura.