Maternidade e trabalho: o papel das empresas e os principais desafios
10 de maio de 2023
Atualmente, as leis trabalhistas asseguram a presença e permanência das mães no ambiente profissional. Mesmo assim, conciliar a dedicação da maternidade e trabalho ainda é um grande desafio para muitas mulheres.
Para se ter uma ideia, existem mulheres que sentem a necessidade de adiar o sonho de ter filhos por receio de perder oportunidades na carreira. Outras, por outro lado, largam seus empregos para se empenhar integralmente à família.
E qual é, de fato, o papel das empresas no apoio à maternidade e trabalho? Acompanhe com a gente e confira algumas dicas para conciliar vida pessoal e profissional.
Qual o panorama da maternidade e trabalho no Brasil?
A liderança feminina vem crescendo de forma significativa no mercado de trabalho. No entanto, a grande maioria das mulheres ainda enfrenta muitos desafios para ocupar seu espaço no mundo corporativo.
Por exemplo, segundo pesquisa do IBGE a remuneração das mulheres corresponde 20% a menos do que os homens ganham para desempenhar as mesmas funções.
Mesmo tendo a qualificação exigida para os cargos, as mulheres ainda encontram esse tipo de desigualdade.
Além disso, muitas mães, após gerar o primeiro filho, se ausentam ou largam o emprego para se dedicar à família.
Isso faz com que muitas mulheres vivam com sobrecarga de responsabilidades e também com dificuldades financeiras de forma recorrente.
O home office ajudou as mulheres a aliarem maternidade e trabalho?
Acredita-se que os formatos de teletrabalho ou home office podem facilitar significativamente a conciliação da maternidade e trabalho.
No entanto, o fato de as mães estarem em casa não elimina os desafios, como cuidar dos filhos e do lar, e ainda ter energia para manter a carreira.
São características da dupla jornada, quando existe a realização das tarefas domésticas, cuidados de crianças e familiares, logo após um dia cansativo de trabalho.
Mesmo estando por mais tempo dentro de casa com os filhos, a carga de trabalho e dedicação continua sendo dobrada. Por exemplo, pode haver dificuldade em manter a concentração e cumprir com os horários demandados, sobretudo em jornadas fixas.
A falta de flexibilidade do modelo home office, em alguns casos, também pode ser um agravante para conciliar maternidade e o trabalho. Por isso mesmo, as empresas precisam assumir seu papel nesse processo e ter uma abordagem diferenciada com as mulheres que vivenciam tal realidade.
Aline Peredo, Desenvolvimento & Risco Comportamental na S2 Consultoria, mãe do Murilo e do Guilherme, conta que o trabalho remoto proporcionou diversos benefícios e impactos positivos:
“Aqui na S2, o modelo remoto e o modelo de trabalho da S2, que possui horários flexíveis, proporciona uma liberdade e flexibilidade.
Sem falar que a cobrança aqui é feita de forma diferenciada, onde nos deixa super confortável.
“Não tem uma obrigatoriedade, por exemplo, de bater um ponto, ou de estar na frente do computador em um horário específico, só precisamos fazer nossas entregas, então isso facilita muito para a maternidade, é possível trabalhar, ser mãe e estar presente no desenvolvimento dos filhos mais de perto.
Esse modelo flexível e remoto é importante para a maternidade, você tem a sua demanda, você precisa fazer as suas entregas, mas tudo bem o horário que você trabalhar, tudo bem o dia que você trabalhar? Se eu tenho um compromisso ou algo surgiu no meu dia, eu posso programar outros horários ou dias para entregar minhas tarefas.”
O que a CLT define sobre a maternidade e o trabalho?
A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) prevê a concessão da licença-maternidade e do salário-maternidade, às mulheres grávidas que tiveram
filhos e que contribuem ativamente para o INSS.
Toda mãe que trabalha com registro em carteira, de forma fixa, temporária, terceirizada, autônoma ou doméstica, têm direito a receber os benefícios quantas vezes for necessário.
A licença-maternidade, por exemplo, é uma importante garantia às mulheres, dando a oportunidade para que possam se recuperar do pós-parto. Além de criar vínculos com seus bebês, sem correrem o risco de ter a carreira afetada.
Antes mesmo do parto, as mulheres podem decidir se preferem se licenciar 28 dias antes ou a partir da data do nascimento do bebê. Em média, o tempo de afastamento da licença-maternidade é de 120 a 180 dias.
Principais desafios entre a maternidade e trabalho
Como vimos, as mulheres encontram uma série de dificuldades para conciliar maternidade e trabalho.
Muitas, inclusive, acabam tendo que escolher entre sacrificar o convívio familiar ou a construção da carreira. Infelizmente, esses não são os únicos desafios encontrados pelas mães no mercado de trabalho. Veja:
- Processos seletivos que dão prioridade para mulheres sem filhos;
- Desigualdade de gênero e machismo dentro das empresas;
- Poucas oportunidades de crescimento profissional;
- Oferta de salários mais baixos;
- Dificuldade em manter a jornada fixa de trabalho, tanto em formato presencial quanto em home office.
Aline Peredo, diz que o principal desafio que encontrou durante a maternidade foi se inserir no mercado de trabalho, os julgamentos e preconceitos foram muitos:
“Eu saí da empresa que eu estava, depois de uma licença maternidade, fui para o mercado de trabalho em busca de uma nova oportunidade.
Nesse momento, quando eu falava que eu tinha um filho de meses, não importava a minha qualificação ou as minhas habilidades, eles me perguntavam “Você tem filho, e agora?” “Com que ele vai ficar?”
Foi algo surreal! Assim que eu vi que a maternidade interfere totalmente em uma entrevista de emprego e como essa visão é distorcida, como se você não pudesse trabalhar sendo mãe.
Se uma mulher falar “eu tenho um filho de cinco meses”, as empresas falam “mas e se ele ficar doente?” “Você vai conseguir fazer hora extra?”.
O papel das empresas no apoio à maternidade e trabalho
Para favorecer a presença das mães no mercado, as empresas podem adotar uma série de medidas que favoreçam a vida profissional das mulheres.
Por exemplo, é possível criar políticas específicas que auxiliem a mulher a manter a maternidade e trabalho.
As companhias ainda podem transformar a cultura organizacional para aumentar a presença feminina nos cargos e também como forma de apoiar as colaboradoras.
No período da gravidez, por exemplo, o departamento de RH pode ser mais flexível em relação aos horários e entrega de resultados.
Após a licença-maternidade, igualmente, é interessante proporcionar mais liberdade para que a mãe possa realizar algumas atividades de maneira remota.
É importante ter em mente a definição de políticas internas nas empresas. É um fator determinante para o aumento da segurança e suporte às mulheres, e seus desafios cotidianos.
Exemplos de políticas das empresas na promoção da maternidade saudável
Existem diversos tipos de iniciativas e políticas internas que podem ser incentivadas nas empresas para apoiar a maternidade e trabalho. Veja:
- Ampliar a licença-maternidade e paternidade;
- Proporcionar salas de amamentação para apoiar o aleitamento;
- Ofertar orientação especializada no pós-parto;
- Conceder jornadas de trabalho mais flexíveis;
- Fornecer suporte financeiro;
- Oferecer plano de reintegração após a licença-maternidade;
- Disponibilizar benefícios para os filhos, como planos de saúde;
- Criar um comitê de inclusão e equidade;
- Criar uma creche no local de trabalho;
- Organizar treinamentos e mentorias para as profissionais.
Aline Peredo, diz que a flexibilidade e o trabalho remoto são essenciais para a maternidade:
“Aqui na S2 você consegue levar seu filho, voltar, trabalhar do mesmo jeito, não interfere em nada no trabalho, você não tem aquela cobrança do tipo onde você estava, o que você estava fazendo, porque o resultado final que é o seu trabalho você conseguiu entregar do mesmo jeito.
Então é um diferencial que ninguém compra sabe? Faz bem para o trabalho e para o profissional, faz com que você valorize a empresa!
Consigo exercer a maternidade e trabalhar! E isso me motiva a fazer um trabalho melhor a cada dia.
Aqui, a empresa olha para o meu trabalho sendo entregue e não quando eu fiz o trabalho ou para a minha estrutura familiar.”
Dicas para conciliar maternidade e trabalho
Pode ser realmente desafiador manter o equilíbrio nessa fase tão delicada da vida de uma mulher. No entanto, é fundamental manter a organização para dar conta da maternidade e trabalho
As mães e profissionais podem usar algumas estratégias para não abrirem mão de suas carreiras. Veja:
- Conte com uma rede de apoio, com pessoas que ajudam a reduzir a sobrecarga diária;
- Dê preferência por trabalhar em companhias que promovem a diversidade e inclusão;
- Busque oportunidades de trabalho mais flexíveis;
- Evite se culpar por não dar conta da pressão social;
- Procure manter a rotina sempre em dia;
- Converse com líderes e gestores sobre os desafios de ser mãe;
- Peça ajuda quando for necessário.
Por mais organizada e planejada que seja a rotina de uma mãe, cuidar dos filhos e do lar, e manter a carreira é, sem dúvidas, uma tarefa desafiadora. Mesmo assim, hoje já existem empresas comprometidas em auxiliar as mulheres nessa fase tão singular de suas vidas.
Lembre-se que a maternidade é resguardada pela CLT e, por isso, as mães têm direito a contar com o suporte dos empregadores durante a gravidez e no pós-parto.
Para isso, é interessante dar preferência a cargos e companhias que adotam jornadas mais flexíveis e que podem, com isso, fornecer o devido suporte na maternidade.
E agora? Aprendeu um pouco mais sobre maternidade e trabalho? Esse período é muito importante e delicado para as mulheres, apoio é sempre necessário não só dos familiares, mas por parte das empresas também.